Na
sociedade contemporânea, a corrida em busca do ouro, seja ele literal ou
metafórico, tornou-se a narrativa dominante de sucesso. Mas a que custo? O foco
quase exclusivo no primeiro lugar tem obscurecido valores essenciais que
compõem o cerne da nossa humanidade: a compaixão e a cooperação.
É
inegável que a busca pela excelência pode impulsionar o progresso e a inovação.
No entanto, a obsessão por ser sempre o melhor revela uma falha crítica em
nossa estrutura social e emocional. Ao idolatrarmos o vencedor, frequentemente
marginalizamos aqueles que chegaram em segundo ou terceiro lugar, ou ainda,
aqueles que simplesmente decidiram jogar conforme suas próprias regras.
Essa
busca incansável pelo pódio nos conduz a uma reflexão mais profunda: por que
somos tão obcecados pela perfeição? A perfeição, como miragem que perpetuamente
se desloca no horizonte, nos seduz com a promessa de satisfação plena, que,
inevitavelmente, nunca é alcançada. Em nossa cultura, erros são frequentemente
vistos como fracassos, ao invés de serem reconhecidos como fundamentais ao
aprendizado e ao crescimento humano.
Nesse
processo, valores como compaixão e cooperação ficam em segundo plano. Em um
mundo ideal, a ênfase não estaria apenas nos resultados, mas no processo
colaborativo que leva a esses resultados. A verdadeira maestria não reside
apenas em superar os outros, mas em elevar-se junto com eles. Como poderíamos,
então, redefinir nossa concepção de sucesso para abraçar uma perspectiva mais
inclusiva e menos destrutiva?
Precisamos
começar por ampliar nossa visão de mundo e valorizar histórias de cooperação e
resiliência tanto quanto celebramos as de conquista individual. A mídia tem um
papel crucial nesse aspecto, oferecendo visibilidade a todas as formas de
sucesso e falha, e incentivando uma cultura de aprendizado mútuo e suporte.
É
hora de questionar: estamos construindo uma sociedade que idolatra o produto
final em detrimento do bem-estar coletivo? Se continuarmos nessa trajetória, o
custo humano de nossa “autodestruição” por negligência aos nossos valores mais
fundamentais pode ser irreversível.
Assim,
convido todos, como indivíduos e como sociedade, a refletir sobre essas questões
e a considerar um novo paradigma, onde o sucesso é medido não apenas pelo
resultado, mas pela integridade do processo e pelo bem-estar coletivo. Ao
fazermos isso, talvez possamos resgatar o que realmente importa: nossa
humanidade.
Por:
Thiago de Moraes - Cientista Político, Jornalista, Ancora de TV e escritor. MTB
0091632/SP.
Fonte:
Maria Emilia Genovesi.