Conheça a história do mestre em xilogravura do
sertão da Paraíba.
Trecho
retirado da entrevista concedida à Cultura Popular Brasileira.
“... eu fui para São Paulo, porque as
pessoas de minha terra diziam: São Paulo é a cidade que brota dinheiro do chão,
São Paulo brota dinheiro do chão... então, eu fui. Chegando lá, a primeira
coisa que eu vi foi uma nota de dez reais no chão e pensei: não vou pegar essa
nota não, porque, já que aqui brota dinheiro do chão não vai dar em nada, a
próxima eu pego, assim; nunca mais eu vi nenhuma nota e foi brotar dinheiro só
como servente de pedreiro...”.
Com
vocês, o Mestre da Xilogravura, nascido no sertão da Paraíba, em plena Segunda
Guerra Mundial, na cidade de Uiraúna, com a alcunha de um personagem dos
grandes Épicos Homéricos, hoje eu tenho o prazer e a honra de apresentar a
vocês Ciro Fernandes.
Quem
haver de ler o que direi adiante terá que concordar comigo que, por vezes, a
história de Ciro se confunde um pouco no nosso imaginário como de um personagem
de contos de fadas, a magia presente em cada situação, mesmo as mais difíceis,
nos fazem crer em uma força maior que uniu beleza e congruência em tudo o que
lhe ocorria.
Você
já deve ter se perguntado sobre, o que é a arte de VERDADE, certo? A seca de
1958 empurra Ciro, com 16 anos, para a casa da tia, em Natal (RN), onde
trabalha como cobrador de ônibus e soldador mecânico. Dois anos depois, muda-se
para São Paulo e ganha a vida como operário e pintor de paredes. Em 1961, chega
ao Rio sem dinheiro ou conhecidos, e sustenta-se pintando bois em açougues e
cartazes de preços para o comércio. A evolução foi trabalhar em agências de
publicidade onde ocupou o cargo de diretor de arte em três delas. Foi também
ilustrador do Jornal do Brasil, convivendo também entre os amigos ilustradores
do O Globo.
De
lá para cá, são oitenta anos vividos, e destes, sessenta só de carreira com:
dezenas de exposições pelo mundo, habilidades desenvolvidas com grandes mestres
brasileiros dentre, José Altino, Rossini Perez; aprende litogravura com Edgar
na EAV, produziu capas para diversos autores como - Raquel de Queiroz, Orígenes
Lessa, Gilberto Freire, Autran Dourado, Ferreira Gullar, José Lins do Rego e
Ana Maria Machado; músicos influentes como Zé Ramalho, entre outros, e também é
o único ilustrador a receber o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira
de Letras, pelo trabalho no livro “Cordelinho” de Chico Salles...
E
além destes existentes, você pode ter certeza, algumas outras dezenas de feitos,
em toda sua carreira, ao qual eu como um mero apaixonado somente estou há
alguns dias a pesquisar e me viciei, por tanto conteúdo, beleza, magia e verdade
em cada traço e parágrafo de pesquisa. Você pode conferir diretamente pelo site
oficial https://www.cirofernandes.com.br com mais profundidade nos fatos, aqui,
neste pequeno artigo, me empenharei em dizer sobre a impressão causada à minha
equipe e em especial, minha pessoa a respeito deste monumento de artista.
Dentro
do desenvolvimento de artistas na Fuel, no departamento Cultural, temos sempre
o empenho em movimentar o espectro do artista para linhas de congruências mais
visíveis ao espectador/cliente ou o que chamamos de “narrativa”, e o que seria
isto?
Vendo
a história e todo o contexto de Ciro, nós ficamos com a impressão de que se
talvez a sua arte não representasse, de certa forma, esta parte de sua vida,
alguma coisa estaria faltando, ou seja, em última análise a narrativa de Ciro é
o elo que liga sua arte a seu contexto de vida. Dando um “motivo” ou um “por
que” de fazer o que faz, e, portanto, ter o valor em suas obras que obtém.
Dentro deste fato podemos observar o que o Economista Alemão Bowness vem dizer
a respeito dos degraus de validação do artista como: validação dos pares, dos
críticos e jornais, dos revendedores e, por último, do grande público.
Ciro
Fernandes é sem dúvidas um dos maiores artistas brasileiros que já pisaram
nesta terra, seu nome será elevado ao mesmo panteão de “deuses” da arte latino
americanos, como: Candido Portinari, Anita Mafaltti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti,
Botero e entre outros.
Também
é a prova viva de que uma experiência rica em contextualização trás o
espectador mais próximo do nosso trabalho e, estando mais próximo, mais íntimo
e emocionado com tudo o que se faz debaixo do sol por nossas mãos. Portanto,
não vou exagerar, e vocês comprovarão que digo a verdade, quando eu disser que
toda e qualquer Xilogravura de Ciro emociona o espectador profundamente, como
que se também estivéssemos fazendo parte de um pedacinho de sua história até a
construção daquela obra, e de suas dores, também nós, tivéssemos suportado
junto ao calvário. É impressionante a capacidade que alguns artistas, dignos de
serem chamados de mestres, conseguem se introduzir no imaginário popular, dos
nossos gostos, e do nosso subconsciente. Pois bem, Ciro Fernandes é um destes.
O
programa de aperfeiçoamento de carreira da Fuel procura proporcionar a seus
assessorados exatamente esta solidez profissional e completude, no sentido
profissional, obtida através de uma vida vastamente humana no seu melhor
sentido, deste grande ser, e acreditamos, que - todo e qualquer artista é um
gênio em potencial, que como uma rocha bruta, precisa ser lapidado.
Por:
Redação.
Fonte:
Don M. Vargas.