Em experiência única para o público, artistas
quebram a quarta parede de espaços de arte e expõem trabalho precarizado.
Um evento diferente de tudo o que você já viu.
É
uma exposição? É uma instalação? É uma performance? É “Amador e Jr Segurança
Patrimonial Ltda, nem profissional, nem sênior”, uma mistura de tudo isso com
pitadas de humor e crítica.
Antonio
Gonzaga Amador e Jandir Jr são os artistas que mergulharam nessa empreitada
divertida e instigante, que estará aberta ao público na sala 2 da Casa
França-Brasil, de 22 de junho a 4 de agosto, com entrada gratuita. Todo fim de
semana, haverá um programa de performances. Ao final da temporada, no dia 2 de
agosto, será lançado o catálogo da mostra e acontecerá uma palestra das 17h às
19h, com tradução simultânea de libras e a participação dos artistas, da
curadora Carolina Rodrigues e da artista multidisciplinar, educadora e curadora
convidada Renata Sampaio.
Será
a primeira exposição da dupla Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda, no Rio
de Janeiro. Antonio e Jandir interpretam a dupla de vigias fictícios que fazem
as maiores peripécias para garantir a segurança das exposições de arte em
museus e instituições culturais, com o intuito de questionar o tão restrito e
contraditório sistema da arte contemporânea.
A.
Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda apresenta séries de propostas
performáticas concebidas por Antonio Gonzaga Amador e Jandir Jr., é realizada
em instituições de arte pelos próprios artistas trajados com uniformes de
segurança, tendo seus problemas centrais advindos das relações entre
instituições como essas e as pessoas que trabalham cotidianamente em suas
salvaguardas.
Nascidos
e criados respectivamente nos bairros cariocas de Brás de Pina e Penha
Circular, Antônio e Jandir trazem o repertório de quem conhece bem o subúrbio
para utilizar seus elementos em suas performances. Dois bons exemplos são os
trabalhos “A rigor”, em que realizam as rondas no museu usando os
característicos chinelos Havaianas, e “Isopor”, quando, no meio do expediente,
abrem uma gelada e sentam na cadeira de praia com um cooler ao lado. Assim, vão
construindo uma narrativa em torno de questões que evocam o trabalho
precarizado no tão abastado sistema da arte, a relação do artista com os
funcionários do museu e o papel da instituição no campo da arte.
“A ideia para esse trabalho surgiu da
nossa experiência como monitores-educadores em museu, onde dividíamos espaço
com profissionais de segurança. Notamos que tínhamos muitas semelhanças com
eles: a negritude, os problemas com transporte público, as referências
culturais... Mesmo trabalhando como educadores, nos vimos em posições de
trabalhos racializados: pessoas negras, pobres, fazendo segurança do patrimônio
dos outros... Então, esse cenário acabou nos inspirando”, explica
Jandir.
Com
curadoria de Carolina Rodrigues, a exposição apresentará ao público um recorte
dos oito anos de parceria da dupla, recebendo oito de suas performances, que
acontecerão ao longo de dois meses de exposição com a presença dos artistas. A
expografia divide-se em dois espaços. Num deles, há uma quebra da oposição
entre público e privado em relação à presença desses profissionais na
instituição, caracterizada pela montagem de uma sala de descanso, aos moldes
das salinhas onde os seguranças tiram aquele cochilo entre uma ronda e outra.
No outro, o espaço expositivo apresenta fotografias e croquis de suas
performances em desenhos emoldurados, feitos pela própria dupla, acompanhados
dos objetos que fazem parte das interações, como elementos performáticos.
A
mostra possui o diferencial de tratar a performance como a principal linguagem
artística, fazendo uma relação direta com o corpo do proletariado de base em
performances com duração de uma jornada de trabalho real. Oito horas de
trabalho. Oito horas de performance. Oito horas de prática. É pelo trabalho do
corpo e pelo corpo no trabalho que a exposição toma forma e produz outros
elementos, como os desenhos, as fotografias e a instalação e os objetos
construídos e utilizados para o trabalho.
Por ter longa duração, o público poderá experienciar diversos momentos do trabalho sendo executado. A ação é, por vezes, simples: andar com chinelos, olhar através de um espelho convexo, usar dentes de ouro, trabalhar remotamente, segurar um sino de mesa, segurar uma cadeira, recepcionar as pessoas com bebidas e comidas em um isopor, ou deixar a sala de descanso aberta para visitação. Assim, as performances tentam evidenciar as relações de trabalho e as performatividades cotidianas realizadas por trabalhadoras e trabalhadores durante suas jornadas.
Acessibilidade
As
obras apresentadas na exposição terão recursos de audiodescrição por meio de um
QR-Code. Haverá, uma vez por semana, um horário exclusivo para visitação de
pessoas com deficiência intelectual, pessoas autistas ou com algum tipo de
hipersensibilidade a estímulos visuais ou sonoros. A iluminação e possíveis
sonoridades serão diferenciadas nesse horário.
A
palestra prevista para o final da temporada contará com intérpretes em Libras
para o público surdo e ensurdecido.
Serviço.
“Amador
e Jr Segurança Patrimonial Ltda, nem profissional, nem sênior”
Abertura:
dia 22 de junho, às 15h.
Período
expositivo: de 22 de junho a 4 de agosto de 2024.
Lançamento
de catálogo e palestra: dia 2 de agosto, das 17h às 19h.
Local:
Casa França Brasil – sala 2.
Funcionamento:
de terça a domingo, das 10h às 17h.
Horário
de atendimento exclusivo para pessoas com deficiência intelectual e mental:
quartas-feiras, das 10h às 11h.
Endereço:
Rua Visconde de Itaboraí, 78 - Centro, CEP: 20010-060 Rio de Janeiro/RJ.
Telefone:
(21) 2216-8506.
E-mail:
contatos@casafrancabrasil.rj.gov.br
Entrada
gratuita.
Classificação
indicativa: livre.
Por:
Redação.
Fonte:
Sheila Gomes.