Em 13 faixas, a banda paulista convida à dança e à
luta. Projeto já está disponível em todos aplicativos de música.
O
novo álbum da banda paulista Bloco do Caos, "Os muros não sabem
escutar", vem para cravar de vez a força e relevância dessa banda no
cenário musical brasileiro e pode ser resumido em uma palavra: mistura. Unindo
os mais diversos gêneros, do reggae ao rock, passando pelo maracatu, afrobeat,
funk carioca, rap, samba e ijexá, o Bloco traz, em 13 faixas, uma experiência
sonora repleta de reflexão e balanço. O álbum está disponível em todos os
aplicativos de música.
Para
levar essa mensagem e musicalidade, com toda a força possível, o Bloco juntou
um time de peso. O disco conta com as participações de luxo do Maneva, Onze:20,
Planta & Raiz, Marina Peralta, do rapper GOG e da banda argentina Los
Cafres. "É uma honra muito grande
ter esses nomes gigantes conosco", comemora Andrew Lee, baterista do
grupo, "Isso só mostra o quão
importante é nossa mensagem e que temos feito um ótimo, confiável e respeitoso
trabalho até aqui. Esses nomes abraçaram a ideia e vieram com tudo!".
Com
letras politicamente engajadas, o álbum é um grande posicionamento. "Pra nós, a arte tem função
social", comenta Alê Cazarotto, vocalista da banda e um dos produtores
e compositores do disco, "Ela leva o
ouvinte a refletir. Ela não muda o mundo, mas muda as pessoas. Pessoas, sim,
mudam o mundo", completa.
Desde
o nome, o trabalho fala alto. Fazendo referência a um verso de uma das canções
do disco — “Santo nome”, inspirada em Carlos Drummond de Andrade e lançada ao lado
do Planta & Raiz — “Os muros não sabem escutar” é um título de grande
simbologia. Os “muros" simbolizam divisão, separação e opressão. Aquilo
que nos prende e nos cerca. Estes mesmos muros não escutam, não estão abertos a
debate: têm de ser derrubados com ação, com luta. “O nome resume muitos aspectos do álbum para nós”, aponta Renato
Frei, guitarrista da banda e um dos produtores e compositores do disco, “Nós não temos interesse em incentivar
discurso, queremos incentivar ação”. Além disso, o nome conversa com a
ideia de que os “muros" não vão saber escutar o álbum. “A gente tem lado. E esse lado não é o da
opressão, do fascismo. Não é o lado desses muros. Essas músicas são pra nós,
não pra eles”, afirma Cazarotto.
O
título e o conceito do trabalho andam de mãos dadas com a bela arte que estampa
a capa, produzida por Alê Cazarotto. De um rádio no centro dos escombros de uma
casa, nascem plantas e flores que furam as pedras e paredes de concreto. A
mensagem é direta: a música tem o poder de fazer crescer a esperança em meio à
destruição. Em meio a um Brasil caótico, governado de forma irresponsável e
desatenta ao social e àqueles desprivilegiados, a mensagem que a banda tenta
passar é extremamente necessária e extremamente atual.
O
disco como um todo deixa explícito um grande desejo de mudança e a importância
da luta coletiva como grande força transformadora da sociedade. Isso fica claro
em canções como “Algum lugar” — já apresentada ao público — que canta em seu
refrão: “Sem dor não haverá vitória”,
a inédita “Fúria da chuva”, que faz analogia com a chuva representando o povo e
usa do ditado popular “Água mole em pedra
dura tanto bate até que fura” em seu refrão, e a também inédita
“Inspiração” – gravada em parceria com o Onze:20 — que traz um refrão que
praticamente traduz o álbum: “Inspiração
e dança. Libertação, revolução, mudança”.
O
Bloco do Caos surgiu no final de 2013, em São Paulo e é conhecido pelo seu show
explosivo, cheio de energia e um som bem diversificado e cheio de mensagens
fortes. A banda traz na bagagem diversos shows e festivais importantes, tanto
pelo Brasil como em Portugal, alguns prêmios relevantes e outras parcerias
importantes como Toni Garrido, Tato (Falamansa), Izenzêê (Braza/Forfun) e Big
Mountain (USA), que renderam dois EPs e um álbum oficial e fizeram a banda ter
milhões de plays e views pela internet. “Os muros não sabem escutar” é o 2º
álbum oficial da carreira do Bloco do Caos e vem pra coroar essa nova fase da
banda que com seus quase 10 anos de existência segue ativa mostrando que a arte
é forma de resistência, de oposição e de afronta aos poderes que tentam
discriminar setores da população.
Por:
Clilton Paz.
Fonte:
Gabriela Gimenes.