Com 14 anos de carreira musical, o duo MaiPê revela
as melhores práticas para artistas e músicos viabilizarem e cuidarem dos seus
projetos, no Brasil.
Quando
o público assiste a uma apresentação de um artista, não imagina todo o processo
necessário até que aquele show aconteça. Além de se preocupar com as canções, a
produção e em como proporcionar a melhor experiência para a plateia, um artista
também é uma empresa e, por isso, regularizar o seu trabalho é muito importante
para ter os seus direitos garantidos. É assim que o duo Maipê, formado por João
Domeni, na voz, e Bruno Dias, violão e guitarra, que também acumula a carreira
de advogado, tem atuado na estrada.
Trabalhando,
atualmente, a canção autoral “Meu Bem”, que traz a brasilidade musical para a
música romântica, o duo MaiPê, preocupa-se para que todos os seus lançamentos
estejam conforme as leis brasileiras. “Temos
profundo respeito e carinho pelo nosso trabalho construído em anos, também
admiramos muitos músicos brasileiros. Seguir as regras do direito autoral é uma
forma de nos fortalecermos e nos profissionalizarmos cada vez mais, além de ser
uma fonte de renda alternativa”, reforça Bruno Dias.
Confira 5 dicas essenciais para
construir uma carreira sólida e garantir seus direitos como músico, artista e
compositor:
1
- Registre a sua marca: O nome de um artista ou uma banda é a sua identidade e
exige um trabalho de anos para ser reconhecida pelo público. Por isso, sempre
registre o nome artístico ou o da banda para evitar o risco de perdê-lo,
deixando para trás todo o trabalho de imagem e comunicação construído. A banda
Jota Quest, por exemplo, iniciou sua carreira como “J. Quest”, inspirado no
desenho Jonny Quest, mas, por orientação da gravadora, mudaram o nome para
“Jota Quest”, evitando processos judiciais com a produtora do desenho.
2
- Proteja as suas obras e fonogramas: O direito de autor não precisa,
necessariamente, de um registro formal, basta comprovar ter sido o criador
original. Enviar um e-mail, publicar no YouTube, ainda que em modo privado, ou
qualquer outro meio de publicação em que
seja possível constatar a data da criação é o suficiente para estar protegido,
do ponto de vista de direito de autor. A música “Ai se eu te pego”,
interpretada por Michel Teló, teve uma longa discussão judicial envolvendo um
processo de milhões de reais concedendo às autoras seus direitos por terem
comprovado a criação original.
3
- Gere seu próprio ISRC: O ISRC (International Standard Recording Code) é um
padrão internacional de código para identificar a música, funciona como se
fosse o RG do fonograma. Diversas distribuidoras ou agregadoras, quando geram o
ISRC para inserir a música em uma plataforma digital, podem não distribuir
todos os direitos dentro de um fonograma, retirando assim a monetização correta
daquela música. Ao gerar o seu próprio ISRC dentro de uma das principais
associações, como UBC e Abramus, é possível incluir, corretamente, todos os
músicos participantes, intérpretes e o real produtor fonográfico.
4
- Formalize tudo através de contratos: Fechou um show novo? Escreveu uma música
nova com um parceiro? Terá um novo empresário? Gravará uma publicidade para uma
marca? Conseguiu um investidor? Assine um contrato. Esta é a forma mais segura
de se proteger contra imprevistos e conflitos futuros. Não se esqueça: as
pessoas mudam e as suas opiniões também. O contrato formaliza os direitos e
deveres de cada pessoa envolvida naquele projeto, no momento em que a decisão
foi tomada.
5
- Não pense na sua carreira como um músico, mas sim como um empreendedor: O
músico é quem cria, grava e reproduz uma música. O empreendedor da música
precisa planejar a sua carreira estrategicamente, pensando na sua música como
um produto de uma empresa, que é a sua carreira. Parece simples, mas não é: é
necessário definir o público-alvo, os produtos/músicas que vai trabalhar,
estudar melhor o momento para lançar, criar estratégias de marketing e
comunicação, acompanhar as novidades do mercado para criar as tendências. Os
cuidados também devem ser com a carreira, encontre os melhores parceiros
comerciais, prestadores de serviços, busque investimentos, trabalhe como uma
empresa. É essencial que o empreendedor da música entenda os processos, do
início ao fim. Lembre-se, que o quanto o artista entende de todo o negócio diz
muito sobre o posicionamento dele no mercado.
Por:
Clilton Paz.
Fonte:
Lieda Gomes.
Foto:
Divulgação.