Versão brasileira de Artur Xexéo para o musical A
COR PÚRPURA retorna à cena carioca, a partir de 07 de janeiro, para uma curta
temporada no Teatro Riachuelo. O espetáculo recebeu 87 indicações e uma série
de prêmios, entre eles: APTR, Cesgranrio, Shell e Bibi Ferreira.
“Durante a pandemia tivemos a perda do
nosso amigo e grande parceiro, Artur Xexéo. Então, a dor aumentou ainda mais.
E, agora, na volta aos espetáculos, a saudade é muito grande. Dedicaremos essa
temporada ao Xexéo, nosso querido irmão” - ressalta o diretor, Tadeu Aguiar que
em 42 anos de carreira no teatro não ficou um só ano sem fazer um espetáculo.
“Voltar à cena com A Cor Púrpura – O
Musical, no Rio de Janeiro, é uma emoção enorme, porque o projeto nasceu aqui,
ao lado do Xexéo que sempre foi nosso super parceiro e com ele fizemos uma
temporada de muito sucesso. Acho que vai ser maravilhoso estar no Teatro
Riachuelo com a versão brasileira da música eternizada por Xexéo” - destaca o
produtor geral Eduardo Bakr.
A
Cor Púrpura reestreia, em 07 de janeiro, nos palcos cariocas, depois de uma
bem-sucedida temporada no Rio, em São Paulo e em Salvador. São 17 atores em cena,
90 figurinos, um palco giratório de seis metros de diâmetro e uma escada curva
com sistema de traveling em volta do cenário. A superprodução fica em cartaz
até 13 de fevereiro, com sessões de sexta a domingo.
Alice
Walker foi a primeira escritora negra a ganhar o Pulitzer pelo seu livro A Cor
Púrpura, que continua contemporâneo ao retratar relações humanas, de amor,
poder e ódio, em um mundo pontuado por estruturais diferenças econômicas,
sociais, étnicas e de gênero. O livro A Cor Púrpura foi lançado em 1982.
Escrito
há mais de 35 anos e vencedor dos Prêmios Pulitzer, Grammy e Tony, A Cor
Púrpura é um musical baseado em uma história passada na primeira metade do
século XX, na zona rural do Sul dos Estados Unidos, com personagens típicos
dessa região. Com um elenco em sua maioria escolhido por meio de testes, o
musical permanece, nesta retomada teatral, praticamente com os mesmos atores.
O
espetáculo apresenta a trajetória e luta de Celie (Letícia Soares) contra as
adversidades impostas pela vida a uma mulher negra, na Geórgia, no decorrer da
primeira metade do século XX.
Na
adolescência, a personagem tem dois filhos de seu suposto pai (Jorge Maya), que
a oferece a um fazendeiro local para criar seus herdeiros (entre eles, Harpho -
Alan Rocha), lavar, passar e trabalhar sem remuneração. Ela é tirada à força do
convívio de sua irmã caçula Nettie (Ester Freitas) e passa a morar com o marido
Mister (Wladimir Pinheiro). Enquanto Celie resigna-se ao sofrimento, Sofia
(Erika Affonso) e Shug (Flávia Santana) entram em cena, mostrando que há
possibilidade de mudanças e novas perspectivas, esperança e até prazer.
A
saga de Celie é permeada por questões sociais de extrema relevância até os dias
atuais como a desigualdade, abuso de poder, racismo, machismo, sexismo e a
violência contra a mulher. Completam o elenco: Analu Pimenta (Squeak); Suzana
Santana (Jarene); Hannah Lima (Doris); Cláudia Noemi (Darlene); Caio Giovani
(Grady Ensemble); Leandro Vieira (Chefe da Tribo Olinka Ensemble); Gabriel
Vicente (Bobby Ensemble); Thór Junior (Pastor Ensemble); Renato Caetano
(Soldado Ensemble); Nadjane Pierre (Solista da Igreja Ensemble).
A
direção musical de A COR PÚRPURA é de Tony Lucchesi. São 32 números musicais,
contando com as vinhetas. “Tem uma parte
do espetáculo que acontece na África. Para este momento, abri as vozes,
trabalhei com polifonia, com outros sons, uma música por trás da cena”,
revela Tony.
No
espetáculo, os atores precisam ter grande extensão vocal, dando conta de vários
ritmos como jazz, blues, música africana e gospel. Logo na abertura da peça, há
um número que lança mão de diversas sonoridades, representando o coro de uma
igreja entrecruzado ao sermão do pastor.
A
orquestra é composta por 8 músicos que tocam piano-condutor, teclado, saxofone
alto, clarinete, flauta, saxofone barítono, clarinete, clarinete baixo,
saxofone tenor, trompete, fliscorne, violões, baixos, bateria e percussão.
Com
direção de Steven Spielberg, a obra foi adaptada para o cinema em 1985,
recebendo 11 indicações ao Oscar. A transposição para musical aconteceu em
2005, na Broadway. Em 2016, houve uma nova montagem, rendendo à produção 2 Tony
e o Grammy de melhor álbum de teatro musical.
Tanto
no livro como no musical, as mudanças de vida da protagonista estão
relacionadas ao ambiente no qual ela vive. Cenas no bar de Harpho e Sophia e
nas casas do pai, marido e Shug provocam alterações no percurso de Celie.
A
cenógrafa Natália Lana criou uma casa giratória como elemento central,
representando as diferentes facetas da trajetória da vida da personagem.
Contornando a casa, uma espécie de escadaria construída ao longo do tempo e de
forma não ortogonal, representando a diversidade de ambientes externos e de
aprisionamento em certos pontos da história. A estrutura da casa foi baseada
nas construções do sul dos Estados Unidos e teve como inspiração as shack,
representando o tradicional porch, varanda onde se reúnem famílias americanas. “Para a criação do cenário, foi fundamental
a leitura do livro, mergulhando fundo no estudo do texto, pensando em como
poderíamos representar esta história que se passa em outro país, mas que ao
mesmo tempo representa tanto da nossa história e da força destas mulheres
negras que construíram o Brasil”, descreve a cenógrafa Natália Lana.
São
90 figurinos, confeccionados com 350 metros de tecidos, passando por processos
de tingimento artesanal e impressão em serigrafia. O figurino de A COR PÚRPURA
retrata o tempo da costura feita em casa. “Na
América, as colchas de retalhos produzidas desde a colonização, são
influenciadas pela estética da África, onde o trabalho de costura de retalhos é
prática centenária. Desta forma, o conjunto de figurinos do espetáculo formará
um ‘quilt’, em tons envelhecidos, retratando a Geórgia da primeira metade do
século passado. Na concepção do figurino é no trabalho de costura manual que
Celie encontra refúgio na dura realidade de seu dia a dia. Neste panorama, a
cantora de jazz Shug Avery é o manifesto de amor e liberdade de Celie e pontua
sua trajetória com trajes de tons de cor púrpura saturados”, minucia o
figurinista Ney Madeira. A iluminação do espetáculo é do Rogério Wiltgen.
O
trabalho da coreógrafa Sueli Guerra dialoga com a direção de movimento dos atores,
priorizando a dramaturgia do espetáculo. “Os
números de canto e dança ultrapassam o conceito da coreografia e organização de
passos. O físico, a situação dramatúrgica em que o personagem se encontra e a
movimentação corporal, estão totalmente a serviço de contar uma história,
estimulando um mergulho mais profundo na obra”, finaliza Sueli.
Para
a coordenadora de produção, Norma Thiré, assistir, presencialmente, ao musical
é bastante seguro, já que todos os cuidados de prevenção à Covid-19 estão sendo
tomados: todo mundo tem que usar máscara no backstage, os atores são testados
semanalmente contra a Covid - 19. Nossa equipe está inteiramente vacinada,
inclusive com a terceira dose.
No
teatro, testam a temperatura de todos na entrada. Tem álcool gel espalhado por
todo o teatro, máscaras para o público, vídeo antes da peça falando sobre os
protocolos. Para nossa equipe também tem álcool gel em todos os camarins.
Serviço.
A
Cor Púrpura - O Musical.
Temporada:
07 de janeiro a 13 de fevereiro de 2022.
Sexta:
20h.
Sábado:
16h | 20h30.
Domingo:
18h.
Local:
Teatro Riachuelo.
Endereço:
Rua do Passeio, 38/40 - Centro - Rio de Janeiro.
Classificação:
12 anos.
Duração:
180 minutos.
Gênero:
Musical.
Vendas:
www.sympla.com.br
Ingressos:
entre R$ 25,00 e R$ 170,00.
Por:
Clilton Paz.
Fonte:
Cláudia Tisato.