Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus

 

VOLTA AO RIO EM CURTA TEMPORADA E REABRE O TEATRO DULCINA.

 

A peça, desde a sua estreia, já foi assistida por 6.000 pessoas e celebra o mês da Consciência Negra.


 

Eu Amarelo volta ao Rio, no Teatro Dulcina, com preços populares e em curta temporada. A programação consiste em trazer um ícone importante da cultura brasileira quando se celebra o mês da Consciência Negra. O projeto comemora a reabertura do teatro para o público e aos sábados também fará transmissão ao vivo atraindo espectadores de outras cidades e até países.

A peça, com a atriz Cyda Moreno, apresenta um retrato contundente da ex-catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do país do século XX:  best seller com mais de um milhão de exemplares vendidos,  traduzido em 13 idiomas, para 80 países. Carolina Maria de Jesus devotava a sua vida a um propósito: seu amor à literatura que a fez tirar do lixo as palavras e das palavras, uma forma de combater as desigualdades do mundo. Não é à toa que Carlos Drummond de Andrade a considerou “a mais necessária e visceral flor do lodo”.

O livro “Quarto de Despejo” serviu de base para a adaptação teatral e evidencia as inquietudes sociais e as experiências emocionais de quem vive na falta, também aponta a trajetória ímpar da escritora que deixou mais de 4.500 páginas em seus manuscritos. Ainda à espera de publicação. O texto, com dramaturgia de Elissandro de Aquino, apresenta fragmentos da autora através de Quarto de Despejo, Diário de Bitita, Casa de Alvenaria, pesquisa biográfica e provérbios. Sua obra que inspira Conceição Evaristo e Elisa Lucinda, entre outros, apresenta um retrato de quem vive à margem, na luta pelo pão de cada dia sem perder a fé, a coragem e o sonho que transcende e inspira. 



"Carolina é um estandarte-corpo-ato-palavra-manifesto-político a apontar a cristalização de uma sociedade dialética e contrastante que precisa repensar seus valores. Também aponta nuances frente ao racismo, a desigualdade social, ao feminicídio, ao genocídio. São tantas camadas descortinadas, a partir dela que não nos resta muita coisa a não ser olhar a miséria de um povo e, consequentemente, a nossa.   Trazer Carolina é mostrar um Brasil que ainda precisa de ajuda" - reflete o dramaturgo Elissandro de Aquino.

A literatura de Carolina Maria de Jesus só foi redescoberta na década de 90, graças ao pesquisador brasileiro José Carlos Sebe Bom Meihy e do norte-americano Robert Levine. No exterior, porém, ela nunca deixou de ser lida e estudada, sobretudo nos EUA, onde Quarto de Despejo, traduzido como Child of the Dark, é utilizado nas escolas.

A atriz Cyda Moreno, que dá voz à Carolina cita que "das entranhas de suas múltiplas misérias e de seus múltiplos talentos; da sua fome de comida, de espaço, de justiça, de igualdade e de democracia, Carolina extrai poesia e lirismo para fazer ressoar as misérias do povo da favela. Sua literatura repleta de erros de grafia, é peculiar, é recheada de palavras rebuscadas e profundas que reflete as inúmeras fomes do nosso povo por espaço, dignidade, reconhecimento, oportunidades e respeito à nossa identidade.

Suas obras evidenciam que o racismo é cíclico e híbrido. Já estamos em outro século. Mas milhares de Carolinas ainda se encontram à margem da sociedade, nas periferias, nos subempregos, debaixo dos viadutos, nos presídios, nos hospícios e na luta diária para vencer a fome. Por isto sua voz não se cala. E ela vive. Os "quartos de despejo" triplicaram. O Brasil precisa conhecer a força de Carolina e a sua realeza.                                                                             


 A peça apresenta três momentos cruciais na vida da escritora: sua estadia na favela que resultou nos diários, a ascensão literária que a tornou um fenômeno editorial de vendas e o seu esquecimento total. Quarenta anos após a sua morte, o Brasil retorna a olhar para as palavras de Carolina que profetizara: “ninguém vai apagar as palavras que eu escrevi”.

 

Serviço:

 

Eu amarelo: Carolina Maria de Jesus.

Datas: 3 a 7 de novembro e de 10 a 14 de novembro (quartas a domingos).

A transmissão por streaming acontecerá apenas aos sábados (6 e 13 de novembro) com ingressos a 30 reais (aovivoja.com).

Horário: 19 horas.

Local: Teatro Dulcina.

Endereço: Rua Alcindo Guanabara, 17 - Centro, Rio de Janeiro – RJ.

Telefone: (21) 2240-4879.

Valor: Inteira R$ 30,00 – Meia R$ 15,00 (apresentação da carteira de vacinação com as duas doses).

Local de venda: Ingressos à venda na bilheteria do teatro.

Lotação: 300 lugares.

Duração: 70 minutos.

Classificação: Livre.

 

Por: Clilton Paz.

Fonte: Cláudia Tisato.

Fotos: Álvaro Rivera, Luana Mello & Chico Brum.