Musicoterapia Junina no Hospital Espanhol

 

Sanfoneiro, casamento na roça, máscaras estilizadas, forró andante pelas enfermarias, altas com alegria e a energia humanizada de todos os dias. Assim foi o São João no Hospital Espanhol.

 

Os profissionais da saúde se caracterizaram com adereços descartáveis, enfeitando as máscaras e toucas. A equipe da musicoterapia percorreu os leitos das enfermarias, levando música junina, tocada ao vivo e embalando o forró dos corpos cansados da luta contra a Covid-19. O clima de humanização é característico no Hospital Espanhol que realiza ações frequentes para cuidar das emoções à flor da pele.



E o São João não poderia ser diferente. Muitos pacientes internados são do interior do Estado e chegam à Unidade pelo Sistema de Regulação. São naturais de cidades onde o sangue junino corre nas veias dos interioranos. Estar internado, num Centro de Tratamento para Covid-19, em um segundo ano sem São João, não é a opção de ninguém. Foi pensando, também, neste aspecto que as ações juninas foram realizadas.

São João sem música, não é São João. Hospital Espanhol sem musicoterapia, não é o Hospital Espanhol. Implantada em maio de 2020, quando o Hospital tinha apenas um mês de reaberto para atender à pandemia, a musicoterapia se tornou um suporte emocional de pacientes e profissionais, um amenizador de angústias e cansaços. E foi ela que alegrou o São João da Unidade.

Anadeti Ribeiro Matos, 72 anos, está internada na Enfermaria 3C do HE, desde o dia 16 de junho, se tratando da Covid. Ela é baiana e sempre gostou de São João. Foi morar em São Paulo, há muitos anos, e desde então, quando pode, vem para o Nordeste no mês de junho. Foi o que fez este ano, mas a Covid a prendeu num leito hospitalar. “Estamos vivendo um momento muito triste. Cheio de mortes no mundo. Parece que as pessoas perderam o amor pelo outro e por si próprias. Não se cuidam, como deveriam. Eu peço a todos que não saiam, não aglomerem. Façam suas festinhas em casa, só com a família. Porque eu não desejo a ninguém passar esta falta de ar que eu estou passando aqui, em pleno São João”. Este foi o recado de D. Anadeti, usando máscara enfeitada de beijo, sentadinha no seu leito, por trás da armação simulando uma Barraca do Beijo, criada pela equipe do HE.



Depois do Forró Itinerante pelas enfermarias, chegou o momento de alguns profissionais da saúde, em revezamento, para não comprometer a assistência, aproveitarem um pouquinho o momento junino. Na parte externa do Hospital, a Banda da Guarda Civil Municipal (GCM) os aguardava para tocar um repertório junino dos melhores, fazendo a plateia relaxar o corpo, dentro das roupas privativas. Teve até Casamento na Roça de “Sr. Saúde e Sra. Bahia”, realizado e abençoado por uma freira improvisada pela psicóloga Jaqueline Amorim, ao som da Banda da GCM e com os colegas dos noivos prestigiando o ato.

Quando a dança pela comemoração ao casório acontecia, a maior alegria de um hospital chegou para a festa: altas de três pacientes que deixaram a Unidade em cadeiras de rodas, passando pela gratidão e vibração de um túnel humano formado por aqueles que trabalham e se dedicam para proporcionar as altas!



 

Por: Clilton Paz.

Fonte: Jacson Gonçalves.

Fotos: Divulgação.