Um fantasma chamado incontinência

 

Dez milhões de brasileiros são afetados pelo problema, a maioria mulheres. Mas ele tem solução.

 

A incontinência urinária está presente na vida de 1 em cada 25 pessoas, no mundo e em cerca de 10 milhões de brasileiros.



"Mas pode ser evitada ou curada com recursos que variam da mudança de hábitos até a fisioterapia, sendo que em alguns casos a cirurgia é necessária. O importante é ficar atento aos sintomas (como o número de vezes que vai ao banheiro, por exemplo) e consultar seu médico com regularidade", explica o urologista José Alexandre Araújo.

A maioria absoluta dos afetados é composta por mulheres - afinal, uma em cada três, acima dos 40 anos passa por isso. "Muito além dos danos físicos, a condição pode trazer sérios problemas psicológicos, afetando seriamente a autoestima e qualidade de vida", explica José Alexandre.

Um grande exemplo foi o árbitro alagoano Dênis Ribeiro Serafim, que teve que urinar em campo, antes da partida entre os times do Boavista e Goiás, pela Copa do Brasil, o Brasil assistiu (para seu azar diante das câmeras de TV).

O Dr. José Alexandre Araújo esclarece, detalhadamente, o assunto, quando analisa que com relação à incontinência urinária existem dois tipos: de esforço, que é quando, principalmente, a mulher tosse, espirra, pega peso, pula e faz algum esforço físico e perde urina em menor ou maior quantidade; e a outra é a incontinência urinária de urgência, que é aquela que a pessoa tem que sair correndo para ir ao banheiro e que, na maioria da vezes, não dá tempo para chegar. É aquela paciente que quando vai ao shopping tem que saber onde fica o banheiro, quando vai ao cinema e não consegue assistir ao filme todo e sai correndo para fazer xixi, no meio do filme e também tem aquela paciente que não quer mais sair de casa por que acaba com a qualidade de vida dela.

Essas são as duas incontinências que existem e para piorar existe a mulher que tem as duas juntas, que é chamada de incontinência urinária mista, que é a de esforço associada à bexiga hiperativa.

Para o Dr. José Alexandre, a incontinência urinária de esforço ocorre quando a perda urinária está de média a grave, a gente faz cirurgia que é uma colocação de uma tela artificial, onde se coloca esse artifício para escorar o canal da urina, não é para levantar a uretra é para escorar, isso é feito para incontinência urinária de esforço.



Para a bexiga hiperativa, incontinência urinária de urgência, a gente orienta a emagrecer, mudar hábitos alimentares, cortar café, tabagismo (cigarro), álcool, principalmente aquela pessoa que bebe todo dia. Emagrecer é importantíssimo, a mulher se for muito estressada, aquela que tem uma ansiedade muito grande e tem muitos problemas. Então, a gente começa a tratar essa ansiedade, geralmente, com medicação e atendimento psicológico. Quando nada disso dá jeito, e o paciente tem uma qualidade de vida muito ruim, a gente acalma a bexiga. Existem algumas medicações que fazem isso.

O tratamento de terceira linha ocorre quando nada dá certo e as medicações não dão resposta. Dessa forma, trata-se o paciente com cirúrgico que não é nada complicado. Injeta-se toxina botulínica, que é o Botox, na musculatura dentro da bexiga. Esse é um procedimento que se faz de manhã, e o paciente vai embora à noite. Ou se fizer à noite, o paciente vai embora, no dia seguinte. A resposta a esse tratamento gira em torno de um ano.

Com relação ao caso do juiz, é o caso típico de quem não consegue segurar a urina. Às vezes, já bebeu uma grande quantidade de água ou tem um quadro compatível com bexiga hiperativa, bexiga nervosa. Lógico que essa exposição pode chamar a atenção para um problema urológico.

As mulheres são mais suscetíveis ao problema de incontinência urinária. A próstata mal ou bem ajuda os homens a não perder urina, a musculatura que tem na uretra no homem é mais firme que a da mulher. A musculatura que segura o canal da urina pelo pênis, em si, fica muito mais difícil o enfraquecimento, nas mulheres não. Pacientes que são muito obesos, que trabalham a vida inteira pegando peso, mulheres que engravidam e têm seus filhos de parto normal. Isso tudo aumenta a chance de lesões musculares e o enfraquecimento muscular. Mulheres que fazem cirurgias pélvicas, principalmente retirada do útero, a histerectomia, isso aumenta o enfraquecimento muscular.

 

Texto: Helcio Alves.

Fotos: Carla Josephyne.