Memórias de moradores atraem público para as lives JB em Folhas e Histórias

 

Próximas lives destacam os trechos entre o túnel Rebouças e o Parque Lage e o Alto Jardim Botânico e Horto, respectivamente.

 

O novo projeto do jornal JB em Folhas vem mostrando a força de boas histórias. Depois do sucesso da primeira live do JB em Folhas e Histórias, as próximas acontecerão dias 4 e 11 de março, quinta-feira, às 19h. O projeto – contemplado pelo prêmio Ações Locais, com recursos da Lei Federal Aldir Blanc – tem como objetivo resgatar a memória do bairro a partir das lembranças de moradores e comerciantes. Os convidados confirmados das próximas lives são o advogado Gustavo Martins, a designer de biojoias Maria Oiticica e o artista plástico Xico Chaves (dia 4); e a historiadora Laura Olivieri, o fundador da TV Horto Pedro Marins e a cantora Fernanda Abreu (dia 11). As lives são realizadas no canal YouTube/JBemFolhas e farão parte de uma série de três programas, com 20 minutos cada.



A segunda live JB em Folhas e Histórias focará a região compreendida entre o túnel Rebouças e o Parque Lage. Apaixonado pelo Rio de Janeiro e suas histórias, Gustavo falará sobre a origem das ruas da região, como Professor Saldanha e Frei Leandro, que acabam de completar 97 anos.

Outra convidada é Maria Oiticica, cujo trabalho de transformação de sementes e fibras em bijuteria também sofre influência importante do local onde vive. O bairro faz parte de sua vida desde o final dos anos 1960, quando chegou de Manaus. Ela morou no mesmo prédio onde funcionava a redação do Pasquim, na rua Tasso Fragoso; foi vizinha da cantora Joyce Moreno, na Eurico Cruz; e, desde 2003, mora na rua Alfredo Duarte, ao lado da casa que abriga a reserva técnica do artista Hélio Oiticica, seu cunhado. Com rica fauna e flora ao redor, Maria não pensa em se mudar: “É como morar no Rio sem estar no Rio”, observa.

Morador do Jardim Botânico, há cerca de 40 anos, Xico Chaves nunca se prendeu a uma única linguagem ou suporte físico para se expressar. Além de obras em importantes museus do país, Xico tem mais de 200 músicas gravadas por artistas como Nara Leão, Caetano Veloso e Elza Soares, tendo como parceiros Lenine, Antônio Adolfo e Jards Macalé, entre outros. Com esse último compôs “Selfie-se quem puder”, que marcou os 30 anos do Suvaco do Cristo, em 2015, bloco que ajudou a fundar. Um de seus projetos atuais é o efêmero “Caras-de-pau”, em que reúne folhas, pedras, sementes e outros resíduos encontrados pelo caminho para formar rostos-caricaturas naturais. Andarilho convicto, Xico circula pelo bairro inteiro, mas adora descobrir novos caminhos pelas matas que cercam a região.



No dia 11, a editora Chris Martins receberá a cantora e compositora Fernanda Abreu, que veio para o Jardim Botânico em 1965, quando a rua em que morava tinha apenas outras duas casas. Viveu com seus pais até os 20 anos e, depois de um breve período em Laranjeiras, voltou para o bairro de onde nunca mais pretende sair. Ela vai contar sobre suas caminhadas pelo Alto Jardim Botânico e Horto, e o privilégio de morar e trabalhar na região.

Idealizadora e responsável técnica do Museu do Horto, Laura Olivieiri falará sobre suas populações vulneráveis e a importância da preservação das histórias do lugar, que remontam ao período colonial, incluindo um engenho de cana, uma fábrica de pólvora e o Real Horto (hoje Jardim Botânico). Enquanto Pedro, que nasceu na casa onde mora, no Caxinguelê, guarda boas lembranças dos blocos que passaram pelo Horto, como o do Lili e do Urubu Cheiroso. O videomaker está sempre envolvido com causas sociais. Foi responsável pelo mutirão das quentinhas no Horto e já está preparando a Páscoa das crianças da comunidade.

O objetivo do projeto JB em Folhas e Histórias, idealizado por Christina Martins e Betina Dowsley, é criar um acervo com as memórias do Jardim Botânico. Fundadoras do jornal de bairro JB em Folhas, as jornalistas perceberam a necessidade de resgatar e reunir as histórias do bairro, de sua origem às pequenas e grandes mudanças de hábitos, do perfil de moradores e do tipo de comércio.



 

Texto: Sheila Gomes.

Fotos: Divulgação.