O projeto aposta no poder transformador do teatro na
vida das pessoas com deficiência e do olhar capacitista sobre essas pessoas no
campo artístico.
A
arte pode e deve transformar a vida das pessoas. É essa a premissa que norteia
o trabalho do Instituto Teatro Novo, que atua, há mais de 20 anos,
desenvolvendo atividades culturais com pessoas com deficiência intelectual em
Niterói. A instituição teve origem na companhia Teatro Novo, formada por atores
com deficiência, em especial autistas ou com Síndrome de Down que, na função de
atores e produtores de cultura, exercem influências significativas, no
imaginário coletivo dos espectadores.
A
ideia de realizar a primeira edição do Festival Teatro Nosso surgiu da
possibilidade de dar visibilidade ao potencial dos artistas teatrais com
deficiência, convidando projetos artísticos do estado do Rio de Janeiro que
trabalham com arte inclusiva para se apresentarem numa programação on-line, de
18 a 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down, além de trazer o
debate sobre o capacitismo no teatro das pessoas com deficiência. O festival
foi viabilizado graças ao edital da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
do Estado do Rio de Janeiro, via Lei Aldir Blanc do Governo Federal.
“A inclusão da arte no dia a dia de
pessoas com deficiência intelectual transforma a vida delas completamente”, revela o
psicólogo Rubens Emerick Gripp, que dirige o Instituto Teatro Novo e é
especializado em Psicologia Clínica e Educacional, com mestrado em Ciência da
Arte pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Ele
explica que criar espetáculos com assuntos que não fazem parte da vida das pessoas
com deficiência – meio ambiente e doenças como o câncer, por exemplo – faz com
eles parem para pensar e organizem o próprio pensamento. Outro ponto importante
nas atividades no grupo de teatro é a convivência com seus iguais. Isso faz com
que eles aprendam a respeitar o outro, a esperar a vez, a viver em grupo. O
teatro traz muitos benefícios para vidas das pessoas, e com pessoas com
deficiência traz uma reflexão importante para sociedade, em especial para
pessoas com deficiência: “As pessoas que
não têm deficiência não costumam parar para ouvir e dar atenção para os
deficientes; mas, assistindo a um espetáculo feito por eles, elas ouvem. Então,
é uma mudança de eixo nas relações”, destaca Gripp.
A
programação do festival será aberta com uma live reunindo artistas
participantes do festival num painel temático sobre “Capacitismo no Teatro”, às
20h, no Facebook, no Instagram e no YouTube do Instituto Teatro Novo. No dia
19, às 20h, o Grupo de Teatro do Oprimido Pirei na Cena, coletivo teatral oriundo
do Hospital de Jurujuba apresentará o espetáculo “Doidinho para trabalhar”,
cujo tema da peça aborda a temática do mercado de trabalho para o usuário de
saúde mental. No dia seguinte, às 20h, será a vez do grupo Corpo Tátil –
coletivo teatral que surgiu no Instituto Benjamin Constant, tradicional
instituição de ensino para deficientes visuais, localizada no Rio de Janeiro –
com a encenação de “Dá um tempo pra falar de tempo”. O grupo Teatro Novo
encerrará o festival no dia 21, Dia Internacional da Síndrome de Down, às 19h,
com a apresentação de “O câncer, a pessoa e o remédio”. Todas as apresentações
serão gravadas, sem público, no Teatro Municipal de Niterói, respeitando todos
os protocolos de segurança com relação à pandemia da Covid-19. A programação do
Festival Teatro Nosso será gratuita, e as apresentações ficarão disponíveis no
Facebook e no canal do YouTube do Instituto Teatro Novo depois das transmissões
on-line. As apresentações contarão com legendagem e tradução em libras.
A
Neociclo Cultural, responsável pela produção, destaca também como missão do
Festival realizar e promover atividades artísticas inclusivas e divulgar o
importante trabalho teatral realizado por artistas com deficiência, no Estado
do Rio de Janeiro. Mas a proposta é ainda mais abrangente, sempre com foco na
cidadania. Entre os objetivos, estão também, fomentar a discussão do
anticapacitismo, sensibilizar a sociedade sobre a necessidade de inclusão de
pessoas com deficiência, demonstrar as capacidades dessas pessoas como promotoras
de cultura e agentes socioeconômicos ativos. E mais: fomentar a cidadania por
meio da ação de pessoas com deficiência, dar visibilidade para a produção
artística e cultural de pessoas com deficiência por meio dos espetáculos e
gerar renda aos atores com deficiência.
Serviço:
Festival
Teatro Nosso.
Dia
18, 20h – Painel temático “Capacitismo no Teatro”.
Dia
19, 20h – Grupo de Teatro do Oprimido Pirei na Cena no espetáculo “Doidinho
para trabalhar”.
Dia
20, 19h – Grupo Corpo Tátil em “Dá um tempo pra falar de tempo”.
Dia
21, 19h – Grupo Teatro Novo em “O câncer, a pessoa e o remédio".
Transmissão
por Facebook (@GrupoTeatroNovo) e YouTube (Instituto Teatro Novo).
Texto:
Sheila Gomes.
Fotos:
Divulgação.