Docuficção de Rodrigo Areias estreia no Brasil
Filme retrata o problema ambiental que assola São
Miguel, ilha pertencente aos Açores, mas que acontece na maioria das colônias
que mantém atividades pesqueiras pelo mundo.
Chegou
ao Brasil o documentário Hálito Azul (2018), do diretor Rodrigo Areias (da
produtora Bando à Parte), via Fênix Filmes. No filme, o realizador de ofícios e
experimentos, traça uma linha entre a fascinação pelo mar (que dá ao povoado o
sustento sob a eterna cultura da pesca) e a vida cotidiana de atores sociais
que trafegam pelos problemas e prazeres de suas vidas - e que, por isso,
colocam um pé na poesia. Em vez de contar a história do desbravamento dos sete
mares, como fez Portugal no passado, o filme segue ao encontro de um mar em
especial, aquele de uma população que não esconde os seus vínculos com o oceano
e as tradições em face à modernidade da do século XXI. A plataforma https://filmefilme.com.br
exibe o filme.
“Cultivar o mar é uma coisa, é assunto
de pescadores. Explorar o mar é outra coisa, é assunto de industriais”, diz Rodrigo
Areias. A partir dessa premissa, o diretor, parcialmente, inspirado na obra Os
Pescadores (1923), de Raul Brandão, nos apresenta um documentário permeado por
blocos de ficção que mostram a vida na vila da Ribeira Quente, na encosta de um
vulcão em São Miguel, ilha pertencente aos Açores. O contexto é resultado da
incontrolável pegada ecológica do homem, em todo o mundo, e passa pela
atividade pesqueira no local que está definhando: a quantidade de peixes
diminui e o trabalho é dividido de forma cada vez mais desigual, porque as
grandes embarcações ligadas a empresas acabam pegando uma gigantesca
porcentagem da cota de peixes.
Um
farol na comunidade, onde um homem recita trechos de um escrito é o primeiro
olhar do filme para contar o dia a dia de quem vive no local. O olhar se dá em
duas camadas: a primeira sobre a da vida e histórias dos pescadores de hoje,
vistas à luz de outra, as histórias descritas no livro Os Pescadores, que são
interpretadas pelos personagens reais de acordo com as suas vivências e
histórias pessoais. O diretor salienta, desta forma, a não evolução na vida
desta tão importante comunidade portuguesa. Um filme poético que reflete as
belíssimas palavras de Raul Brandão em imagens e sons captados com maestria –
das ondas batendo nas pedras, dos barcos em alto mar.
Cercado
entre o real e imaginário, de dados e lirismo, Areias abraça uma abordagem
diferente, usando o carimbo do documental e do folclore de marujo, colocando o
filme na esteia da docuficção - caminho intermediário entre o documentário de
observação ao olhar etnográfico, e o documentário lúdico, espécie de homenagem
e evocação deste povo pela relação com as águas. A história dentro da história:
para unir dois mundos distintos utiliza os personagens na preparação de uma
peça de teatro que faz parte de um festejo local, enquanto documenta a vida das
pessoas - trazer a vida real e personagens reais para o filme.
Hálito
Azul, mais que tudo, é um filme sobre pessoas.
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Texto:
Alexandre Aquino.
Fotos:
Divulgação.