Brincando com o perigo! Pesquisa da CNC revela endividamento do brasileiro em Dezembro de 2020

Dados da PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) revelou que em dezembro de 2020, 66,3% das famílias pesquisadas assumiram ter algum tipo de dívida. O resultado foi maior do que o ano de 2019, com 65,6%.  Analisando o recorte por faixa de renda, verifica-se que os que ganham até 10 SM apresentaram um endividamento maior comparado com aqueles que ganham mais de 10 SM.

A mesma pesquisa mostrou que quando se trata de dívidas em atraso, os números de 2020 são maiores do que os de 2019: em dezembro de 2019, 24,5% relataram ter dívidas em atraso e em 2020, esse porcentual subiu para 25,2%. No que diz respeito à capacidade de honrar com as dívidas, em dezembro de 2019, 10% dos entrevistados disseram não ter condições de pagar as dívidas e em dezembro de 2020, esse numero chegou a 11,2%. Em média, a parcela da renda comprometida com pagamento de dívidas chegou a 30,2% em 2020, contra 29,7% em 2019.

Considerando a origem das dívidas, o cartão de crédito aparece em primeiro lugar, correspondendo a 79,4%, seguido por carnês (16,5%), financiamento de carro, da casa própria, crédito pessoal entre outros.

Os especialistas alertam para o perigo do agravamento desse cenário, visto que existem incertezas em relação à perspectiva de um crescimento econômico para 2021 e capacidade de recuperação do mercado de trabalho. Do ponto de vista do consumo, com o fim do auxílio emergencial (até o momento), famílias de renda mais baixa deverão reduzir o consumo. Famílias de renda mais altas, que em 2020, até ensaiaram uma ampliação da poupança por conta da pandemia, tendem a retomar o consumo, reduzindo os recursos destinados à poupança.

O que chama atenção é o fato de que em ambas as faixas de renda, as famílias devem se atentar para a necessidade de uma maior gestão sobre os gastos, principalmente aqueles voltados ao consumo, pois as “tentações” para gastar são sempre maiores do que a capacidade de controlar os desejos e ajustá-los ao orçamento.

Para finalizar, no tocante às políticas econômicas, chamamos atenção para o perigo da continuidade do protagonismo do acesso ao crédito “barato”; pois o grande desafio para o governo será garantir a aprovação das reformas necessárias para uma retomada econômica capaz de evitar um colapso do sistema financeiro no futuro próximo.

* Parte significativa desse artigo foi baseado no relatório de analise da PEIC Dez 2020 http://cnc.org.br/editorias/economia/pesquisas/pesquisa-de-endividamento-e-inadimplencia-do-consumidor-peic-7