Uma viagem radiofônica ao julgamento do macaco
Podcast resgata um histórico e polêmico debate
envolvendo ciência, religião e liberdade de pensamento. Diretamente do túnel do
tempo para o “novo normal”.
“Eu estou contra. Contra essa gente
branca do Sul, que ainda não engoliu uma derrota de 60 anos atrás; contra
William Jennings Bryan, esse mito, essa ‘esperança branca’ que já levou a porta
na cara em três eleições presidenciais; contra um sistema de ensino planejado
para que a América negra receba apenas a educação suficiente para servir de mão
de obra barata. Essa é a verdade que os sulistas querem apagar, só porque torna
ridículo tudo aquilo em que eles acreditam. O ensino da Evolução é importante,
sim, mas aqui no Sul a vida dos negros importa muito mais!” – brada o
personagem Martin Jackson, membro da Associação Nacional pelo Progresso das
Pessoas de Cor, no podcast “O direito de pensar – uma viagem radiofônica ao
julgamento do macaco”, que chega a seu sexto e último episódio nesta quinta,
dia 10, destacando o personagem negro – um dos poucos fictícios – defendido
pelo ator Daniel Ferrão.
Esse
projeto da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) resgata
um caso ocorrido no início do século 20, numa cidadezinha dos Estados Unidos.
Foi o julgamento de um professor, acusado de ensinar a Teoria da Evolução, de
Charles Darwin, que contraria a história contada pelas religiões cristãs, de
que a humanidade teria surgido a partir de Adão e Eva. Esse embate entre
ciência e religião ficou famoso no mundo inteiro graças à transmissão do
julgamento, por meio do rádio.
Contando
com desembargadores e juízes no elenco, ao lado de atores profissionais, o
audiodrama, em forma de podcast, foi todo gravado on-line, com atores
contracenando via internet. Este “novo normal” foi capaz de transformar uma
história ocorrida nos Estados Unidos, em 1925, que já virou peça e filme, num
podcast com pegada de radionovela, do século 21.
O
caso, que ficou conhecido como “Julgamento do macaco”, é bastante familiar ao
meio do Direito e tornou-se muito conhecido do público quando foi eternizado
pelos autores estadunidenses Jerome Lawrence e Robert E. Lee na peça “Inherit
he Wind” (1955), posteriormente adaptada para o cinema.
“O audiodrama fala de liberdade de
pensamento, ciência, religião e direitos civis dos EUA de 1925, temas polêmicos
no Brasil de 2020”,
explica Sílvia Monte, que idealizou, escreveu, dirigiu e produziu o podcast.
Para ela, foi incrível e desafiadora a experiência de misturar personagens
reais de uma história remota com personagens da nossa realidade, combinando
falas de ontem e de hoje. “História,
ficção e realidade entrelaçadas para pensarmos nossa realidade marcada por
intolerância e fundamentalismo”, resume a diretora.
Os
episódios podem ser ouvidos nos principais agregadores de podcast. O último
estará disponível, emblematicamente, no dia 10 de dezembro – Dia Internacional
dos Direitos Humanos.
O
podcast é uma realização da EMERJ, sob o comando do diretor-geral da
instituição, o desembargador André Gustavo Corrêa de Andrade, que, inclusive,
faz uma participação especial no episódio cinco, dando voz a um cientista,
filósofo e escritor.
Ouça o podcast "O Direito de Pensar
- Uma viagem radiofônica ao julgamento do macaco”:
ANCHOR
https://anchor.fm/odireitodepensar
PODCASTSAPPLE
https://www.google.com/podcasts?feed=aHR0cHM6Ly9hbmNob3IuZm0vcy8zZDllYzNkOC9wb2RjYXN0L3Jzcw==
SPOTIFY
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BREAKER
https://www.breaker.audio/o-direito-de-pensar-uma-viagem-radiofonica-ao-julgamento-do
POCKET CASTS
RADIO PUBLIC
https://radiopublic.com/o-direito-de-pensar-uma-viagem-r-857oYn
SITE
DA EMERJ
https://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/podcasts/podcasts.html
Texto:
Sheila Gomes.
Foto:
Divulgação.