Pra
mim, como artista, seria impossível passar por esse período sem ser afetada de
alguma maneira.
A
nossa profissão é toda baseada na nossa capacidade (ou necessidade) de
expressar o que a gente sente em forma de arte. Mas, por algum motivo, quando
eu pensava em compor, parecia que eu não conseguia ser completamente sincera ou
suficiente.
Quando
a gente escreve com um assunto em mente, a gente se limita um pouco, e eu não
queria, de maneira alguma, me apoiar em clichês ou correr o risco de soar
minimamente oportunista.
Por
outro lado, acho que a arte, em suas diversas formas, ajudou a preservar um
pouco a sanidade de muita gente durante esse ano, e comigo não foi diferente.
Filmes, séries, músicas, livros, artes plásticas… me tocaram de um jeito
indescritível e que ajudou a acalmar o coração em diversos momentos. E algumas
canções específicas que eu já amava há muito tempo, de repente, se mostraram
pra mim com um sentido completamente novo e inesperado. Assim nasceu a
necessidade de fazer esse EP.
“Piloto
Automático”, da banda Supercombo, que conheci quando fui jurada do programa
Superstar, “Lua Cheia”, da banda 5 a Seco da qual sou fã há anos e “Tempo”, que
gravei no meu álbum de estreia da carreira solo, redescobri e que, nesse momento,
tomou um tamanho muito maior do que tinha quando a compus, 11 anos atrás. Três
músicas que viraram uma só, que se confundem uma com a outra, assim como as
horas, os dias e os meses desse ano maluco.
Produzi
em casa, com a família e com poucos músicos que gravaram à distância suas
lindas participações.
Para
ilustrar essas canções, chamei um artista que conheci e por cujo trabalho me
encantei durante esse período, chamado Thainan Castro, que me presenteou com
essa obra tão sensível, delicada e simbólica.
Quando
liguei pra meu amigo Douglas Aguillar (que me acompanhou e registrou todo o meu
“ano de Sandy e Junior”) pedindo pra ele me ajudar a traduzir essas músicas em
imagens, fomos à fazenda onde trabalha um amigo de infância e filmamos não um
clipe, mas um sentimento, uma alegoria de todos os estágios de tormenta e
calmaria — e tudo entre esses dois extremos — dos últimos meses, comprimidos em
dez minutos e trinta e nove segundos.
Esse
é o nome desse EP: “10:39”.
Chamar
de EP até soa estranho; está mais pra um convite pra que as pessoas dividam
esses 10:39 comigo, pra gente respirar, pensar, refletir, se permitir sentir e
tentar encontrar algum aconchego um no outro. Ainda que — por mais algum tempo
— a distância.
Com
amor,
Sandy.
Por:
Redação.
Fotos:
Arquivo Pessoal Sandy/Divulgação.