Durante
a pandemia vimos coisas bem interessantes acontecerem. Pela primeira vez,
bancos se juntaram para fazer campanhas de conscientização, indústrias
alteraram todas suas linhas de produção para produzir máscaras e álcool gel.
Vimos também o varejo e a indústria assumirem um papel relevante na
transformação social.
Isso
é um grande marco, mas não deveríamos parar por aí. Essa situação mostrou que
esses players podem ser grandes protagonistas nos processos de mudança
oferecendo o suporte necessário para que as pessoas façam sua parte. O desafio
que temos pela frente é de perpetuar esse tipo de comportamento e mostrar que é
possível conciliar lucro e impacto. Para isso, basta que as empresas estejam
dispostas a ir um passo além.
Acredito
que a engrenagem principal para essas iniciativas terem sucesso, é que exista
uma relação de confiança entre o varejo e o consumidor e, para que isso seja
possível, vários paradigmas sejam quebrados.
No
Zipp, adotamos o uso de sacolas retornáveis para fazer nossas entregas. Isso
quer dizer que o consumidor recebia os produtos arrumadinhos nas sacolas que
ficavam com ele até a entrega seguinte. Isso fazia com que a entrega ficasse
mais rápida, os produtos chegassem mais arrumados, mas, acima de
tudo, criou um precedente que poucas vezes foi visto na relação entre o
consumidor e o varejo.
Pela
primeira vez, o consumidor se via em uma relação que partia da confiança. A
pergunta que sempre surgia era: E se o cliente fizer a primeira compra e nunca
mais voltar? Nesse caso ele ficaria com as bolsas e tudo bem. Apesar disso,
representar um prejuízo financeiro, o lucro de imagem é muito maior. Ao usar a
bolsa para outras finalidades, ele estará fazendo nossa propaganda. Mas, o
maior impacto é que agora aquele consumidor começou a pensar no uso excessivo
do plástico. Com isso, ampliamos a conscientização e iniciamos um processo de
transformação social.
Esse
tipo de relacionamento com o consumidor despertou o interesse da Coca-Cola que
passou a operar sua estratégia de embalagens retornáveis, no canal on-line,
através do Zipp. Ou seja, pela primeira vez, um consumidor podia comprar o
líquido do refrigerante em um canal on-line e recebia em sua casa uma garrafa
cheia e entregava uma vazia. Colocamos o consumidor em contato com os
benefícios da logística reversa e mais uma vez, ampliamos a consciência usando
a conveniência como maior ferramenta.
A
partir daí, incluímos a coleta seletiva de plásticos, ou seja, já que
estamos na casa do cliente, por que não recolher as embalagens plásticas
usadas e levar para um centro de reciclagem? Parecia algo mais que razoável se
pensarmos que o grande responsável por entregar todo aquele plástico éramos nós
mesmos. Para isso, a única coisa necessária do nosso lado era estar aberto a
ousar e pensar fora da caixa. O projeto foi um grande sucesso e a adesão dos
clientes foi massiva, com mais de 1 tonelada de plástico recolhido, em menos de
2 meses.
Durante
o período de pandemia, essas ações foram suspensas por uma questão de
segurança, mas já estamos finalizando as adequações para voltarmos a
fazê-las, respeitando os novos protocolos sanitários.
A
parceria com produtores orgânicos locais de Tinguá, é outro exemplo. Os
produtos que o cliente vê no site ainda estão na terra e serão colhidos apenas
para seu pedido. Isso reduz, enormemente, o desperdício e viabiliza melhores
preços por produtos de qualidade para o consumidor final.
Considero
que na nova realidade que estamos vivendo e que chegou pra ficar, cada vez mais,
os consumidores estarão atentos e passarão a cobrar por esse tipo de postura
das empresas. A época em que ter apenas um bom produto ou serviço bastavam é
coisa do passado! Agora, as pessoas querem conhecer o verdadeiro propósito das
empresas e saber o que elas fazem, além do esperado para ajudar na construção
de um mundo melhor. Surpreender através de um impacto positivo parece ser a
nova palavra de ordem.
Texto:
Adrian Tsallis.
Foto:
Divulgação.